24/03/2016

Rapaduras na Patagônia - parte final.

Caros Rapaduras:

Aqui algumas informações necessárias para quem pretende pedalar na Patagônia. Lembro, entretanto, que o local permite muitas variáveis. Só para que se tenha uma ideia a Transpatagônica, ou Ruta 40, tem mais de 5.000 Km, sendo considerada a maior estrada da Argentina.
A opção que achamos mais interessante foi contratar um pacote e abraçamos o projeto de Nilo Reis Lanza (http://www.logisticaaventura.com.br/pages/home), da Logística Aventura. O pacote por cabeça saiu por 900 dólares (incluso hospedagem em acampamento e hostel, alimentação, carro de apoio com lanches e água) e o pagamento foi feito de forma fracionada (6 vezes), permitindo assim uma maior flexibilidade. A passagem, no meu caso, incluindo as taxas, saiu por menos de 600 dólares. Acrescente-se despesas com alimentação no aeroporto, transfer e outras despesas ao critério de cada um.
O total pedalado foi de aproximadamente 300 Km e o nível de dificuldade ao meu ver não foi alto. Os principais obstáculos foram o vento contra (em algumas situações) e o terreno no trecho da Cordilheira (muita pedra solta). A época escolhida (primeira quinzena de março) foi muito propícia, pois o frio enfrentado foi suportável. Acho até que fomos preparados para mais frio.
Não tenho o costume de repetir viagens, mas nesse caso acho que voltarei. Quem sabe iremos ao fim do mundo. Que venha Ushuaia.

Quem é quem:

O grupo de Natal foi a grande maioria, mas também tivemos duas integrantes de São Paulo. O pessoal do Staff foi muito dedicado. Vou ficar devendo as fotos dos meninos. Segue a apresentação de cada um. A ordem de apresentação é aleatória e os comentários são frutos das minhas observações:

Keila: A tranquilidade parou aqui. Todo mundo no ônibus preocupado se ela ia chegar a tempo de pegar o avião e ela lendo uma coleção de Machado de Assis.


Seu Kuka. Escreveu uma nova página na história da Patagônia. Analisou cada um dos 7 lagos e deixou suas impressões que para sempre ficarão marcadas no solo argentino. A quem diga que a melhor safra dos vinhos patagônicos será a de 2016, mormente aquelas provenientes dos terrenos adubados por "El Kukon".

Paulo Cabral: Saiu de casa em busca de suas origens andinas e certamente encontrou. Incorporou o idioma rapidamente, tanto é verdade que ao retornar ao consultório e atender o primeiro paciente, foi logo perguntando: lo que sientes? Pretende voltar para comprar mais duas bermudas e completar sua coleção.

Claudia Macedo: A tranquilidade em pessoa. Não abriu mão do seu direito de pedalar e fez todo o trajeto mesmo com uma bicicleta com problema. 

Bal: Outra que encontrou suas origens indígenas, sendo identificada como "Pequena Nuvem". Desceu a Cordilheira como se tivesse em um tobogã do Ma-noa Park. Fique atento quando ela pedir licença, principalmente se for uma descida.

Areli: São Paulo mandou uma representante de primeira. Muito prestativa e independente, entretanto, será multada pelo Comitê de Ética do Rapadura Biker por ter quebrado uma garrafa de vinho.


Cristiane Macedo: Acresceu um laticínio em sua bagagem de retorno, entretanto, não pagou nenhum excesso pois é uma cliente master, plus e vip.

Márcio Leite: Pensava em dançar um tango argentino, mas acabou dançando a boa música brasileira. Revelou-se um excepcional dançarino, sendo merecedor da comenda; "Marcito de Jesus".

Nilo Reis Lanza: O autor da empreitada. Teve a paciência de um índio Mapuche e conseguiu chegar ao final da mesma forma que iniciou: sorrindo.

Virgínia Cabral: Minha Dermato. Começou a pedalar um dia desse e já demonstrou para que veio. Já reservou o Hostel Marcopolo In para comemorar o aniversário de 30 anos de casamento.

Renato Dumaresq: Nosso Abogado. Conseguiu perder o bilhete de embarque e a carteira (17 vezes), teve um desarranjo daqueles de deixar o boga triste, sendo nomeado nosso "abogado" pelo resto da viagem.

Marilia e Laiza: Sempre no apoio e bastante simpáticas, foram essenciais no desenvolvimento dos trabalhos do staff.

Neide Araújo: Certamente voltou mais realizada da Patagônia, pois conseguiu encontrar alguém que a supera no quesito "perder as coisas". 


Márcia Leão: Perdeu a bicicleta, mas não perdeu a classe. Aguarda-se com bastante expectativa a sessão de fotos que irá promover, pois certamente registrou tudo: "o que você está vendo eu também estou vendo".

Pablo Andres: Nosso guia argentino. Tranquilo e bastante centrado. Depois de pedalar com um grupo de brasileiros certamente está pronto para enfrentar o mundo de bike.

Claudia Rocha: Ao infinito e avante. Pedala muito, mas desde já é convidada do Rapadura Biker para passar um mês na vassoura, pois como diria o grande mestre Pranxú: "os últimos são os que chegam no final".

Carlson: Sempre atento aos detalhes e como todo bom Químico é ágil e curioso. Muito prestativo e sempre preparado para enfrentar desafios.

Patrícia: O endereço da simpatia. Conseguiu pedalar com as mãos soltas e sem dormir. Seu desempenho diminuía um pouco nas proximidades das aduanas, mas logo retomava o pique.

Claudia Celi: Deu um exemplo de superação. Acidentou-se um um concurso de frevo no carnaval, mas conseguiu tratar-se e cumprir o seu objetivo.
Seu Lanza e senhora Laura Lanza: Simpáticos por natureza. Ela adepta da Internet e ele o Rei do Violão, sem falar nos quitutes por eles preparados.
Beto Tifuca: O grande personal do staff. Sempre com um sorriso guardado no bolso.
Samuel: Mestre do acampamento. Altamente solícito e com disposição de um trator Valmet.
Gaúcho Frajola: Conseguiu colocar o ônibus ao lado do Osorno.
Benilton Lima: Discípulo de Pranxú, acredita que a vida é uma bola. É só chutar.






22/03/2016

Rapaduras na Patagônia - parte IV - Bariloche ao Vulcão Osorno (Chile)


Caros Rapaduras:

Dia 11 de março de 2016.

Depois da longa pedalada de ontem o dia foi merecidamente livre. Alguns optaram por fazer rafting em um passeio sugerido pelo hostel. Soube que foi bastante satisfatório e os participantes ficaram bastante impressionados com a organização. Optei por acompanhar o grupo que ficou na cidade, "batendo perna" e descansando para o dia seguinte, o tão esperado cruce nos lagos andinos.
Andamos muito na cidade e constatamos uma diferença muito grande entre os preços cobrados pelos bares/restaurantes e os supermercados. Somente para fazer um comparativo uma garrafa do vinho Postales Del Fin Del Mundo Malbec (750 ml) e uma garrafa da Cerveja Quilmes (970 ml), custaram, respectivamente, nos bares/restaurantes 130 e 80 pesos, ao passo que nos supermercados saíram por 55 e 29 pesos. Os chocolates também possuem uma disparidade de preço grande, mas nada que uma boa peregrinação nas diversas lojas não resolva.
Total pedalado no dia: 0 Km. Total de botellas de vinho e cerveja: perdi a conta.

Dia 12 de março de 2016.

Acordamos de madrugada e tudo ainda estava escuro. Havia uma certa tensão no ar, pois nesse dia iríamos pedalar com hora marcada, pois teríamos que embarcar para realizar as travessias dos lagos, tendo que obedecer aos horários dos barcos (http://www.cruceandino.com/). Saímos logo após às 06h30min pelo asfalto e o frio estava intenso. Pedalamos pela Avenida Exequiel Bustillo, passando por uma região repleta de hotéis, chalés e restaurantes. Em determinado ponto chegamos em uma região Militar e quando passávamos nas proximidades dos lagos o frio aumentava mais ainda. Após 25 Km pedalados em um ritmo muito bom o grupo chegou todo junto ao estacionamento do Porto Pañuelo. Chegamos com tempo de sobra e foi possível utilizar o wi-fi do lugar e fotografar a região. As bicicletas são embarcadas em lugar próprio e os ciclistas seguem para a zona de embarque dos passageiros. Tudo muito organizado e funcional. 
Puerto Pañuelo.

Ainda Pañuelo.

Dentro do barco fomos anunciados como "ciclistas valientes que se cruzaríam los Andes", gerando aplausos dos demais passageiros e uma emoção especial para nós. Conhecemos um casal de argentinos que também fariam o trajeto de bicicleta, sendo que o destino final deles seria diferente do nosso. Aproveitamos o ensejo e entregamos uma bandana do Rapadura Biker para acompanhá-los.
O barco é muito confortável e tem um excelente serviço de bar, rapidamente descoberto pelos Rapaduras. Em determinado ponto soou avassalador o apito do barco e o rapaz do bar nos informou que estávamos passando no túmulo do Perito Moreno e aquela era uma homenagem prestada pelos marinheiros. Rendemos nossas condolências ao Perito e aproveitamos para também homenagear o nosso querido Raimundo Bezerra, tomando um "cálice" de vinho em sua homenagem.
Bikes arrumadas no barco.

Gaivotas.
Muito lindo.


Desembarcamos em Puerto Blest, sempre com a prioridade destinada aos ciclistas, e seguimos por cerca de 3 Km até o Puerto Alegre, local em que passamos pela Aduana Argentina e iniciamos o maior desafio do dia, pedalar até Puerto Peulla, devendo chegar às 16h00min, horário de saída do barco. Aparentemente teríamos tempo de sobra, mas o terreno que teríamos pela frente não era dos mais fáceis: de início uma subida de 3,5 Km e depois uma descida de mais de 20 Km. O problema é que é tudo pedra de seixo e em alguns pontos é complicado manter o equilíbrio. Estávamos na Cordilheira dos Andes e o único barulho que se houve é da água e dos pássaros. Uma paisagem linda, mas infelizmente com pouco tempo para registros fotográficos.
Entre Argentina e o Chile.

Alegria é o nosso nome.

Olha quem achamos.

Em determinado trecho eu descia cautelosamente e de repente escutei um barulho de pedras rolando. Olhei para trás e só tive tempo de ver nossa colega Bal passando igual a um foguete, entoando uma espécie de mantra, mais ou menos assim: "ai meu Deus, ai meu Deus, ai meu Deus...". O homem lá de cima ouviu as preces e ela chegou intacta.
Uma paradinha na ponte para abastecimento de água. Na descida até o rio uma informação de Nilo chamou atenção: "senti cheiro de mijo de puma". De fato, ao lado de uma samambaia gigante tinha um local molhado. Analisei e percebi que era de um puma macho, da pata branca, donzelo, com aproximadamente 7 anos de idade e cego do olho esquerdo.  
Foi ali que o puma mijou.

Mais adiante encontrei o Mestre Kuka todo lambuzado de areia e com uma maça verde na mão. Soube de uma testemunha ocular que ele desceu a ladeira "virado num tetéu" e ao perceber a plantação de maça, deu um tríplice mortal andino, recolheu o fruto, deu um rolamento (lembrando da época em que fazia judô no Salesiano) e "caiu em pé", fazendo jus a sua fama de frequentador assíduo do "Morre em Pé" da Antônio Basílio.
Cheguei na Aduana Chilena às 16h07min e depois dos trâmites legais (inclusive tendo que comer 3 maças, 18 ameixas e 4 sanduíches) segui direto ao porto, pois o horário do barco já estava estourado. Para nossa sorte o nosso grupo era bastante versátil e dentre as participantes duas delas eram fluentes no espanhol e conseguiram com "argumentos firmes e impactantes" convencer o capitão do barco a aguardar por 15 minutos os demais ciclistas que ainda cavocavam pedras na Cordilheira.
Enfim, às 16h20min adentramos no barco, sob os olhares de reprovação dos demais passageiros, alguns com hora marcada para chegarem do outro lado e seguirem para o aeroporto. Se outrora fomos ovacionados como heróis, agora quase levamos uma surra de ovo podre.
Travessia realizada e desembarcamos em Puerto Petrohue, local bonito e com muita poeira. O plano seria seguir pedalando até o próximo destino, mas a organização mudou os planos, optando por contratar um veículo para nos deixar no próximo ponto de hospedagem, na base do Vulcão Osorno. Embarcamos no ônibus e percebemos que a subida seria muito exaustiva. Uns 12 Km ladeira acima, numa estrada estilo caracol. Já estava escuro quando chegamos ao Refúgio e lá já encontramos uma parte do grupo que tinha seguido no carro de apoio. Agora é hora de relaxar e admirar o lindo visual abaixo de nós.
Total pedalado do dia: aproximadamente 57 Km.
Petrohue
Do alto do Osorno.


Dia 13 de março de 2016.

Assim que olhei para o vulcão Osorno achei familiar e depois de pesquisar foi que percebi a sua semelhança com o Monte Fuji (https://pt.wikipedia.org/wiki/Osorno_(vulc%C3%A3o)). O lugar é muito lindo e o fato de ver as nuvens do alto é mais incrível ainda. Nos hospedamos no El Refugio Teski Club, local aconchegante e com atendimento de primeira, com ênfase para o recepcionista Cristóvão, sempre paciente, sorridente e atencioso.
Adicionar legenda



Após uma boa noite de descanso, tomamos o café da manhã e saímos para explorar a região, seguindo até uma estação de esqui e aproveitando para fazer os respectivos registros fotográficos.
Sem comentários.

Uma parte do grupo foi pedalar e outra ficou descansando. Enquanto estava trocando ideias com Mestre Kuka acerca da influência da altitude no consumo de vinho e a possibilidade de erupção do Osorno naquele dia, eis que surge o Masterchef Lanza com o seu violão. De imediato perguntamos ao garçom se tinha algum instrumento musical disponível, tendo ele ido até a cozinha e voltado com um ralador, um garfo e duas baquetas, instrumentos mais do que suficientes para fazer a percussão. A tarde então seguiu com muita cantoria e com o esvaziamento da adega do lugar.
Acompanhando Mestre Lanza na viola.


A noite tivemos o encerramento oficial do Pedal da Patagônia - Fogo de Conselho - um momento de expressão dos sentimentos, tendo cada um dos participantes a oportunidade de colocar pra fora suas impressões.

Dia 14 de março de 2016.

Acordamos cedo e fomos transportados até Puerto Varas, local em que tomamos um ônibus de linha até Bariloche. No caminho duas paradas nas aduanas do Chile e Argentina e finalmente por volta das 17h00min chegamos ao nosso destino. A noite foi para os últimos preparativos e no dia seguinte iniciamos nosso retorno ao Brasil. Após quase 24 horas de viagem chegamos em Natal às 10 horas do dia 16 de março de 2016.
Como é bom ser recebido por amigos: Valeu Cabelo, Verinha e Júnior.
Valeu. Que venha o próximo.






20/03/2016

Rapaduras na Patagônia - parte III - La Angustura a Bariloche.



Caros Rapaduras:

Dia 10 de março de 2016.


A Vila de La Angustura vai deixar saudades, mas para o amigo Paulo Cabral o lugar tem um significado mais especial ainda. Foi em uma das tiendas do comércio local que ele conseguiu completar um processo de busca interior, encontrando ali aquela que viria a ser sua marca registrada durante o restante da viagem: uma bermuda cor de romã, pela qual pagou cerca de 800 pesos argentinos, ficando assim conhecida como a "bermuda de la gastura".
"La Gastura"

Amanhecemos dispostos e sabedores que teríamos pela frente cerca de 90 Km até San Carlos de Bariloche. A estratégia da organização foi moderar a velocidade do guia, não permitindo que ninguém o ultrapasse, formando assim um bloco mais compacto. Deu certo e esse foi o dia de melhor rendimento e maior coalisão. Fizemos paradas para hidratação e lanche a cada 20 Km, oportunizando sempre um pouco de descanso e relaxamento.
Grupo mais coeso.

O trecho do dia teve uma maior movimentação de carros na estrada, entretanto, contamos com a imprescindível atitude de Márcio Leite, estrategicamente posicionado no pelotão de vanguarda, fazendo uso do seu retrovisor feito com o mesmo material utilizado no telescópio espacial Hubble. O troço tem estabilidade norte-americana, permitindo ao seu usuário detectar a 3 Km de distância a cor, a marca, o ano, o número do chassi e a placa do carro que se aproximava, bem como quantas pessoas vinham dentro do carro e o número do passaporte do motorista. Para quem vinha pedalando atrás como eu bastava olhar pra frente e verificar o braço esquerdo de Márcio e fazer a leitura. Foi batata, ou melhor, foi papa.
E segue o passeio.

Após 40 Km de pedal paramos na estrada ao lado de um dos inúmeros lagos da Reserva Mapuche, ali o Frajola e equipe de apoio já estava preparando o almoço. Aproveitamos para mais um banho estupidamente gelado e uma sessão de alongamentos, oportunidade em que registramos as elasticidades de algumas colegas. 
Preparativos do almoço.

O incansável Samuel.

Reserva Mapuche.

Flexibilidade.

Sereia Patagônica.

Relaxando.

Nesse lago aconteceu algo interessante. Subi antes do grupo e quando estava calçando o tênis encostou um carro perto de mim e desceu um argentino perguntando se a água estava muito fria. Respondi a ele que estava uma delícia, pois tinha tomado banho somente de cueca (aquela do leilão). O hermano não contou conversa, convenceu a mulher dentro do carro e fez carreira para o lago. Não demorou três minutos e voltou resmungando juntamente com a hermana, ao passo que eu somente observava escondido atrás do ônibus.
Depois do almoço tivemos uma rápida sessão de alongamentos, ensaiamos uma musiquinha para nossa chegada em Bariloche e seguimos viagem. Pedalamos mais uns 20 Km  e começamos a perceber uma mudança na paisagem, já assumindo tons desérticos. 
Paisagem mudando.

Paradinha técnica.

Entramos na cidade por volta das 19h00min e o trânsito estava intenso. Pedalamos um pouco em uma ciclovia, mas logo estávamos novamente entre os carros. Seguimos direto para o Centro Cívico e lá nos misturamos com outras pessoas que estavam esperando o por do sol e curtindo uma música produzida por artistas de rua. Fizemos nosso círculo, cantamos "chegamos em Barilô, Barilô", dançamos na praça e seguimos até o hostel.
Chegamos em Barilô.

Mais uma pra lista.

Alojados novamente, no nosso caso mais vez no Carandiru, nos preparamos para um jantar típico patagônico. Na hora marcada seguimos até o restaurante previamente reservado e o resto da noite foi para tomar vinho e comer bem.
Pedalamos hoje aproximadamente 90 Km.
Jantar típico.

Trajeto.