19/10/2010

Relatos de Viagens...


De João Pessoa/PB a Natal/RN de bicicleta – pelo litoral


Nos dias 04 e 05 de julho de 2009 o Grupo de Ciclismo RAPADURA BIKER, do qual participo com muito orgulho, fez o percurso de João Pessoa, Capital paraibana, a Natal, Capital do Rio Grande do Norte.
O grupo foi composto de dezesseis ciclistas, sendo três mulheres e treze homens, com diferentes idades. Eis a turma: Antonino, Afonso, Artur, Benilton, Evandro, George, Jadson, Janiara, Márcio, Othon, Pollyana, Richard, Raimundo, Sérgio, Virgínia e Uziel.
O grosso da equipe composta de quatorze pessoas saiu de Natal no dia 03 de julho de 2009, às 15h45min, chegando em João Pessoa às 19h15min. Fomos direto para a Pousada Manaira, hospedamo-nos e saímos para jantar. Os dois integrantes restantes do grupo chegaram por volta das 21h00min. Dormimos e a noite foi de intensa chuva, um prenúncio do que nos aguardava no dia seguinte.
1º dia: Acordamos às 05h15min, tomamos café da manhã, fizemos os ajustes finais e saímos por volta das 06h30min com destino a Cabedelo/PB, localizada a 17 km, onde embarcaríamos em uma ferry boat com destino à praia de Costinha/PB. A chuva era intensa, mas não tínhamos opção, pois o nosso propósito era embarcar às 08h00min. Aceleramos o ritmo e conseguimos chegar dentro do horário. No caminho tivemos o primeiro incidente, quando a colega Virgínia não viu um buraco e caiu, machucando o polegar de uma das mãos. Nada muito grave, seguimos.
Chegamos à Costinha e procuramos um local para abastecimento de água, o que fizemos no primeiro mercadinho que encontramos. Até meias vendia no lugar e Jadson, o mecânico oficial do nosso grupo, tratou de adquirir um par, pois as que tinha trazido estavam molhadas. Seguimos nossa viagem por um trecho de asfalto, seguindo no sentido do Santuário da Guia, um local muito bonito, mas que não foi possível visitar, pois a chuva continuava a castigar e tínhamos pressa em seguir o nosso rumo.
Pedalamos uns 10 km no asfalto e iniciamos um trecho de areia fofa, com muita lama, entre os canaviais. O estrago da chuva na estrada de areia e barro foi tremendo, com grandes erosões, o que tornou a pedalada perigosa, pois em alguns trechos os declives eram intensos, sendo necessário descer da bicicleta. Aqui começaram os problemas com os freios, pois o atrito da areia e lama nas pastilhas e sapatas causaram grandes desgastes. Após 10 km passamos ao lado de uma pequena comunidade chamada Paçaré. Os moradores do lugar, em sua maioria trabalhadores dos canaviais, observavam curiosos nosso grupo e respondiam com muita simpatia aos nossos cumprimentos.
Continuamos na estrada de areia e barro e após 1,5 km encontramos uma barragem, passando por cima de sua parede, para logo a seguir deixarmos a estrada e entrarmos numa trilha estreita, passando inclusive por uma ponte improvisada com uma viga de madeira, sobre um canal dentro do canavial. Saímos da trilha e voltamos para a estrada de areia. Fomos orientados por um morador local para seguirmos em frente até encontrarmos fios de alta tensão, onde teríamos que seguir a posteação, margear a mata até encontrarmos uma porteira de uma fazenda. Assim fizemos. Adentramos na porteira e seguimos por uma linda trilha, sempre descendente, de aproximadamente 2,5 km. A mata em alguns pontos era fechada, de forma que era difícil ver o céu. O cheiro da natureza entrou com força em nossas narinas. Encontramos uma pequena casa e ali um morador nos orientou que dobrássemos na primeira curva a esquerda, pois sairíamos na praia do Oiteiro. Nesse ponto mais um incidente: o passador traseiro de uma das bikes quebrou, de forma que Jadson grupo teve que empurrar a bicicleta por uns 6 Km.
Nesse ponto o visual é incrível, estávamos numa trilha em cima das falésias, com o mar todo tempo ao nosso lado e ao fundo uma linda vista da praia de Lucena. Chegamos a Oiteiro e encontramos um grupo de rapazes e moças jogando voleibol. Aqui tivemos uma parada estratégica para tomar água de coco oferecida pela natureza. Pedalamos mais um pouco e chegamos à praia de Campina, onde sabíamos existir um local para refeição. Comemos, abastecemos nossas garrafas e seguimos por aproximadamente 5 km até Barra de Mamanguape, onde faríamos a maior travessia da viagem.
Chegando na Barra de Mamanguape, dessa feita a chuva menos intensa, tivemos uma boa surpresa. Esperávamos encontrar pequenas balsas que levariam três ciclistas e três bicicletas por vez, mas encontramos um barco a motor, suficiente para conduzir de uma só vez todos os ciclistas e suas bikes. Negociamos o preço em R$ 6,00 (seis reais) por cabeça e pedimos que nos deixassem na praia mais próxima à Baia da Traição/PB. Assim foi feito e após uma tranqüila e relaxante viagem de barco de aproximadamente meia hora, visualizando uma paisagem cinematográfica, chegamos à praia de Camurupim/PB, onde desembarcamos. Aqui tivemos duas baixas no grupo, um colega com problema de saúde (Uziel) e outro com problema na bicicleta (Richard), aquele do passador traseiro. Sem muita dificuldade contrataram um carro que foi deixá-los na pousada em Barra de Camaratuba/PB, local que reservamos para dormir. Seguimos então quatorze ciclistas.
De Camurupim saímos por uma estrada de barro até o asfalto de uma rodovia estadual paraibana que vai até o Município de Baia da Traição. O lugar é habitado por descendentes dos índios Potiguaras e é muito fácil identificá-los entre os habitantes. Entramos na cidade e paramos em uma padaria, onde degustamos um pão doce com suco. Aqui tem muitas opções de pousadas, sendo também uma boa opção para pernoitar. Passamos por dentro da cidade, pedalamos por ruas de paralelepípedo, enfrentamos uma extensa subida, passamos nas aldeias indígenas e seguimos por estrada de areia até o local de embarque na próxima balsa.
Chegamos no ponto de embarque às 18h00min e já éramos aguardado, pois minha esposa e as de outros colegas que estavam na pousada haviam avisado da chegada do grupo. Pagamos R$ 3,00 (três reais) por cabeça e fizemos a rápida e tranqüila travessia.
Em Barra de Camaratuba seguimos direto para a pousada Porto das Ondas, onde tivemos mais uma grata surpresa: Fomos recepcionados com foguetões por nossos familiares (Claudia, Guilherme, Celita, Regina, Alda, Júlia e Fernanda), o que foi muito gratificante e confesso foi muito emocionante.
Hospedamo-nos, jantamos, conversamos sobre o dia e constatamos no GPS o total de 84 Km pedalados. Fomos dormir.
2º dia: Café da manhã às 07h00min, limpeza das bicicletas, ajustes finais, tala no dedo polegar de Virgínia, despedidas e hora de seguir o nosso destino. As duas baixas do dia anterior persistiram e mais uma surgiu, desta feita a causa foi um problema no joelho de um colega (George). Seguimos em treze.
Saímos pela beira da praia por volta das 09h00min. A maré estava enchendo, implicando em areia muito fofa. Pedalamos por cerca de 11 km, tendo de um lado o mar e do outro lado enormes cataventos das usinas eólicas. O visual lembra muito filmes de ficção ciêntífica. Muito bonito!
Encontramos uma estrada de piçarro margeando o litoral e preferimos seguir por ela para descansar um pouco da areia da praia que somente “amolecia” mais. Pedalamos um pouco e nos descobrimos em cima de uma enorme duna. Chegamos ao rio Guaju, divisa da Paraíba com o Rio Grande do Norte. A visão é simplesmente maravilhosa. Descemos a duna, fizemos mais uma travessia, mais R$ 2,00 (dois reais) per capita e colocamos os pés de volta ao nosso RN. Aqui tem uma barraquinhas na beira do rio, com guias locais, dentre os quais se destaca “Toreba”, uma figura muito simpática que nos aconselhou a deixarmos de seguir pela beira da praia, pois seria muito exaustivo. Após tomarmos água de côco e mineral continuamos nossa viagem, seguindo por mais 3 Km até Sagi, a primeira praia do litoral sul do Rio Grande do Norte.
Seguindo a dica de “Toreba” entramos em Sagi, subimos uma enorme ladeira (calçamento), descemos e encontramos um estradão de barro. Pedalamos por entre os canaviais por aproximados 20 Km até o asfalto da rodovia estadual que acessa Baia Formosa/RN. Antes de entrar na cidade encontramos à esquerda a porteira da Fazenda Estrela, entramos e seguimos uma trilha de quase 8 Km até a balsa que nos atravessaria para Barra de Cunhaú/RN. Aqui cada um pagou R$ 2,00 (dois reais). Novamente fomos acolhidos por nossos familiares.
Rapidamente chegamos do outro lado e pedalamos por dentro da cidade (cerca de 3 Km) até o local da próxima travessia, não sem antes saborearmos um delicioso pastel. Nesse ponto tivemos mais uma baixa, pois um colega (Raimundo) preferiu seguir de carro. Agora estávamos em doze.
Mais uma travessia rápida e chegamos em Simbaúma/RN, pedalamos por curto trecho de areia, com uma boa e escorregadia subida e logo chegamos ao asfalto. Passamos na entrada de Pipa e após 12 Km chegamos em Tibau do Sul/RN, onde faríamos nossa última travessia de balsa da viagem, desta feita até Malembá/RN. Pagamos R$ 3,00. A beleza do lugar é avassaladora. No rosto de cada um dos ciclistas já era perceptível uma sensação de alívio.
Descemos em Malembá por volta das 16h00min e como a maré estava alta foi impossível pedalar nos 5 Km até a praia de Barreta/RN. Empurramos as bicicletas em areia extremamente fofa. Totalizamos 1h20min de caminhada, logicamente empurrando o nosso meio de transporte.
Às 17h20min estávamos em Barreta/RN, pegamos um pequeno trecho de barro até o asfalto de acesso a nossa conhecida Rota do Sol. Passamos pelas praias de Camurupim (a segunda praia com esse nome em nosso caminho), Tabatinga, Búzios, Pirangi, Cotovelo e finalmente por volta das 19h30min, após pecorrido os tão almejados 184 Km, chegamos na Toca do Açaí, em Ponta Negra, Natal/RN, onde mais uma vez fomos recepcionados por nossos familiares. Após uma merecida tigela de açaí, sessão de fotos e resenhas sobre a viagem, despedimo-nos e seguimos nossos caminhos.
Foi bom demais! Quero fazer novamente, acompanhar novos amigos, proporcionar as emoções, alegrias e sensações incríveis que senti. Tenho orgulho de dizer aos meus filhos que fui um dos poucos que fez essa maravilhosa viagem de bicicleta, ajudando a conduzir a bandeira do Rio Grande do Norte por toda extensão litorânea e provando que o poeta estava certo quando disse: “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.

Natal/RN, 13 de julho de 2009.

Benilton de Lima Souza, do Grupo de Ciclismo Rapadura Biker. E-mail: bdlima4.0@pop.com.br e http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=52577748


CUSTOS:
- Deslocamento de carro de Natal/RN-João Pessoa/PB................................R$ 30,00
- Uma diária na Pousada Manaira em João Pessoa/PB.................................R$ 27,50
- Jantar em João Pessoa/PB...........................................................................R$ 20,00
- Passagem no ferry boat de Cabedelo/PB a Costinha/PB............................R$ 1,70
- Balsa de Barra de Mamanguape/PB............................................................R$ 6,00
- Balsa de Baia da Traição a Camaratuba/PB................................................R$ 3,00
- Uma diária na Pousada Porto das Ondas em Camaratuba/PB.................... R$ 40,00
- Jantar em Camaratuba/PB............................................................................R$ 12,50
- Barco no Rio Guaju na divisa da PB com o RN.........................................R$ 2,00
- Balsa de Baia Formosa/RN a Barra de Cunhau/RN...................................R$ 2,00
- Balsa de Barra de Cunhau/RN a Simbaúma/RN.........................................R$ 2,00
- Balsa de Tibau do Sul/RN a Malembá/RN..................................................R$ 3.00
- Lanches e água no caminho........................................................................ R$ 13,00

TOTAL...........................................................................................................R$ 160,70

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